Impressões – Coluna Mensal

Precisamos ter certeza de tudo?

Há quem diga que sim, mas as minhas reflexões na busca pela maturidade me fazem acreditar que não. Um pouco de dúvida faz bem, a incerteza nos convida a pensar melhor.

Esses dias fui ao cinema assistir ao filme Conclave, e o discurso oferecido pelo Decano Lawrence aos votantes falava sobre isso. Não tenho como reproduzir a fala dele, mas a mensagem era essa: ter certezas a respeito de tudo nos coloca num lugar de arrogância e as reflexões não têm espaço.

Acredito que maturidade é constante reflexão e compreensão de que podemos estar errados em várias situações. Pra mim, ser maduro significa ficar de boa com a necessidade de se reposicionar se você entender que tá numa direção errada. A certeza absoluta nos tira a razão mesmo que a gente pense já a ter.

Acho que já fui assim, mas percebi isso porque convivi com pessoas que tinham muitas certezas, e todas estavam erradas. Um exemplo? Bom, uma pessoa da minha convivência vivia se lamentando sobre as pessoas serem babacas com ela. Ela dizia: “Sou tão boa, eu não faço mal a ninguém. Mesmo assim as pessoas só me tratam mal”. Eu dizia: “Tem certeza que é tão boa assim?”, porque eu mesma já precisava lidar com inconvenientes causados por ela. Aliás, eu conhecia várias pessoas que tiveram experiências bem ruins em função dela.

Ela tava tão certa a respeito da bondade dela que não pensava duas vezes antes de tomar atitudes que pudessem trazer consequências ruins a outras pessoas. Na cabeça dela, ela se considera boa, significa que ela é incapaz de errar.

Refletir erros? Não, porque, na verdade, ela tinha certeza de que ela não merecia a injustiça de ser repelida por algumas pessoas.

Um pouco de dúvida é bom. Pelo menos eu a considero, em quantidades moderadas, essencial para ter equilíbrio e ser uma pessoa responsável.

Será que eu fui podre com alguém? Será que eu mereci ou contribuí para passar por essa situação ruim? Será que a culpa é do outro ou eu que não me ajudo? Será que eu não tenho que pedir desculpas?

Bom, tento fazer esse exercício diariamente, às vezes eu erro. E você?

Obrigada, Devir, pelo convite para participar dessa edição, chamem sempre! <3