Do papel para a mesa – Parte 1: Um pouco da história de The Red Cathedral
No final de outubro, a Devir vai apresentar The Red Cathedral na feira Essen Spiel – este ano digital -, um dos jogos mais esperados da temporada, segundo o site BoardGameGeek. Em artigos anteriores, explicamos a você como jogar e mostramos alguns componentes do jogo. Agora, queremos falar um pouco sobre o processo que se iniciou a partir da ideia dos autores do que hoje é The Red Cathedral até o jogo chegar às suas mãos para você se divertir com os seus amigos.
Israel Cendeiro e Sheila Santos – também conhecidos como os Llama Dice – são uma dupla de autores espanhóis que começaram a desenhar em 2014. Durante alguns anos mostraram ideias diferentes até que, em 2016, ganharam um concurso de protótipos com Aloha Pioha e conseguiram publicá-lo. No mesmo ano, Mondrian e Ray Master, dois outros jogos da dupla, também foram publicados. Como já tinham assumido o compromisso, em 2018 publicaram Ramen e, em 2019, Smoothies e 1987 Channel Tunnel, pelo qual ganharam o prêmio de Melhores Designers no Festival DAU de Barcelona. Apesar de sua carreira, os dois ainda não tinham publicado nada com Devir, algo que queriam fazer há muito tempo, pois sempre tiveram a editora como referência. Então, na feira de Córdoba 2018 (Espanha), eles conversaram com Xavi Garriga, editor da Devir, sobre o protótipo de The Red Cathedral e de lá para cá tudo tem dado muito certo. Já circulam até rumores de que não será o único título que nascerá desta parceria.
Os Llama Dice disseram que, em 2015, começaram a trabalhar em The Red Cathedral, por causa da obsessão de Isra com jogos de dados. Originalmente, deveria ser um jogo para dois participantes chamado Bernini contra Borromini (dois arquitetos medievais que se enfrentaram historicamente, e cuja competição acabou “inventando” o estilo barroco que adorna Roma). Logo incorporaram mais dois jogadores, na ocasião da Feira de Saragoça Protos e Tipos, e mudaram o nome para Marble Empire. A editora que pretendia publicar o material originalmente sugeriu que mudassem o título para The Red Cathedral, acrescentando as diferentes cores, as “cebolas” das cúpulas e várias outras coisas que se encaixavam perfeitamente no jogo.
A versão original era um pouco mais difícil, e foi necessário simplificar a curva para que os jogadores pudessem realizar uma única ação. Em 2019, com a publicação acertada com Devir, eles incorporaram a versão solo, que também lhes permitiu agregar algumas coisas que tinham no mapa das etapas.
Com o projeto concluído, Isra e Shei acreditam que uma das coisas que torna The Red Cathedral especial do ponto de vista lúdico é a ação do lançamento e gerenciamento de dados, algo que nunca viram em nenhum outro jogo de tabuleiro até agora. Eles reconhecem que existem algumas implementações semelhantes mais complexas, por exemplo, em Teotihuacan ou Oracle of Delphi, mas com um gerenciamento diferente. Os autores contam que, cada vez que viam um novo jogo com uma roda, ficavam aflitos com a possibilidade de que alguém tivesse tido a ideia primeiro, mas acabaram implementando o seu uso de uma forma bastante inovadora.
Em uma conversa com Xavi Garriga, que até se lembrou de ter jogado o protótipo de Marble Empire, ele confessa que há muito tempo acompanha o trabalho de Isra e Shei, pensando em um projeto que a dupla poderia tocar com a Devir. Quando viu The Red Cathedral, ele levou o protótipo ao escritório e, depois do material ter sido testado à exaustão, decidiu publicá-lo.
Pessoalmente, Xavi gosta muito do tema russo, mas também acredita que um dos grandes atrativos do jogo é que este tem muitas mecânicas, retrabalhadas e integradas, que funcionam perfeitamente. Ele também aposta que o excepcional trabalho de design do jogo será um grande destaque.
David Esbrí, editor da Devir acredita que Isra e Shei estão entre os autores mais consagrados como designers na Espanha, com um trabalho prolífico composto por diferentes tipos de jogos. O que mais chama a sua atenção em The Red Cathedral são as sensações incríveis que o jogo provoca com um razoável grau de dificuldade: ações de fácil compreensão, que permitem entender as regras, concentrando-se na estratégia. “É o tipo de jogo que gostamos de publicar na Devir porque não são complexos, mas são estrategicamente profundos”, ele admite.
Em um próximo artigo, continuaremos a mergulhar na história deste incrível jogo, com mais comentários de David e, também, de Pedro Soto, Chema Román e Jordi Roca, os ilustradores e o designer gráfico, respectivamente, de The Red Cathedral.